sábado, 4 de fevereiro de 2017

AMANDO A CRIANÇA INTERIOR

Aparentemente, a pessoa mais difícil de ser amada incondicionalmente por você é você mesmo. Aprendemos a noção de que qualquer ação que não ponha outra pessoa em primeiro lugar em nossa lista de prioridades é egoísta e errada. Os pais costumam cair nessa armadilha com a desculpa de que seus filhos devem ser mais bem tratados ou possuir mais do que tiveram quando crianças. 
Há no entanto, uma linha definida entre cuidar e amar a si próprio e ser narcisista e egoísta. Devemos aprender a seguir com responsabilidade, assumir compromissos quando necessário, mas mantendo o que é importante para nossa criança interior. Isso não significa desrespeitar as leis, prejudicar os demais ou levar uma vida amoral.
A criança interior é uma parte de nós na qual repousam nossos sonhos e esperanças, nossas emoções desprotegidas, nossa abertura natural a todos os demais e a todas as formas de vida. É aquela porção oculta de nossa personalidade que se liberta para rir ou chorar ao assistir um filme, curtir as cores do outono, perder completamente a noção do tempo linear ao se envolver com uma atividade que realmente gostamos de fazer. Infelizmente, aprendemos desde cedo em nossas vidas que tais ações são indesejáveis e devem ser reprimidas. O ato de doar até doer, seja seu tempo, seu dinheiro ou a si mesmo, já causou inúmeros problemas. Prefiro dizer "doe enquanto se sentir bem".
Para se realinhar com sua criança interior, você deve ser paciente. A "criança" terá receio de sair a campo aberto, afinal, você pode não gostar de seu comportamento ou de suas ideias. Permita-se o luxo de assistir a um filme realmente cômico e rir ruidosamente. É um excelente modo de permitir que sua "criança" aflore. Além disso, o riso faz bem à saúde.
Dê ouvidos a sua criança interior quando ela diz que não aprecia certas cores ou móveis, que ela quer um visual diferente hoje. Obviamente devemos usar o bom senso ao considerar as sugestões da criança interior. A  criança interior normalmente tem pouco senso de moral e não sente a menor obrigação de ser socialmente correto ou agir de acordo com o status social.
Mas creio que o mais difícil é amar sua criança interior sem restrições, o que quer dizer amar a si próprio totalmente. Todos temos alguma coisa, normalmente muitas coisas, das quais não gostamos em nós mesmos. Hábitos e costumes podem ser alterados, um de cada vez. Outras características deixam de ser tão indesejáveis quando deixamos de ser tão críticos quanto a nós mesmos.
Se dizem que você faz barulho quando ri, e daí? Quem quer rir igual aos demais? Se não gosta da mais nova tendência em penteados, ou da moda, bronzeados, ou fim de semana repletos de esportes, elimine-os de sua vida. Apesar de ser apenas uma parte da centelha vital do Universo, ainda assim você é único. Permita que a intuição de sua criança interior o conduza. A vida será mais feliz e muito mais confortável.
Podemos também nos beneficiar da criança interior de outras formas. Se você é daqueles que sempre cedem para manter a paz, convoque a teimosia de sua criança interior no momento certo. Se sua criança interior não estiver à vontade em uma dada situação ou na companhia de uma certa pessoa, preste atenção ao que está acontecendo: as palavras usadas, linguagem do corpo, tom de voz. Você está sendo alertado sobre um possível acontecimento desagradável.
Seja gentil com a criança interior, mas também seja firme quando receber sugestões erradas ou perigosas. Apesar de a criança interior por vezes ter pouco senso de moral, será sempre uma parte do seu eu, uma parte que deve amar e tentar compreender.

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