domingo, 25 de agosto de 2013

MAGIA DE FREYA E SEIDR




Nos antigos mitos  nórdicos, a mais conhecida de todas as deusas era a independente e bela Freya. Infelizmente, poucas de suas histórias sobreviveram. Isto talvez se deva ao fato de que as lendas foram registradas por eruditos influenciados pelo cristianismo; esses homens possivelmente eram ferozmente contra qualquer registro sobre Freya, a deusa da adivinhação e da independência sexual. Apesar de Freya não ser considerada uma deusa lunar, muitos de seus atributos a conectam às Luas Cheia e Nova.
Freya era irmã de Freyr e filha do deus do mar Njord com sua irmã sem nome, possivelmente Nerthus. Uma deusa-Vana, ela foi por algum tempo casada com o misterioso deus Od, ou Odr, o qual desapareceu. Por ele Freya derramou lágrimas de ouro; segundo a tradição, as lágrimas que caíram  ao mar transformaram-se em âmbar. Com exceção desta vaga menção a um marido, Freya não é jamais associada a outro deus no papel de "esposa".
Seus gatos puxavam sua carruagem em batalha, o que a torna a senhora dos gatos, o mesmo título atribuído à egípcia Bast e à grega Ártemis. Além disso, Freya era a líder das Valquírias e tinha poderes de se transmutar, a Sábia ou vidente que inspirou toda a poesia sagrada. Mulheres sábias, videntes, senhoras das runas e curandeiras estavam intimamente conectadas a Freya, pois ela era a deusa da magia, bruxaria e dos assuntos amorosos.
A magia de Freya era xamanística por natureza, como indica seu vestido ou capa de pele de falcão, que permitia que se transformasse em um pássaro, viajasse para qualquer dos mundos e retornasse com profecias. Por várias vezes, Loki emprestou tal pele de falcão, geralmente para espionar pessoas e criar problemas. Os xamãs atuais julgam tal habilidade de efetuar viagens astrais como necessária para a previsão do futuro e para obter sabedoria. Entre os povos nórdicos, esta habilidade, presenteada por Freya, era chamada seidr.
Seidr era uma forma mística de magia, transe e adivinhação primariamente feminina. Apesar de a tradição rezar que as runas teriam se originado com Freya, e que fossem utilizadas por suas sacerdotisas, a maior parte de seidr envolvia a pratica de transmutação, viagem do corpo astral através dos Nove Mundos, magia sexual, cura, maldição e outras técnicas. Suas praticantes, chamadas de Volvas ou às vezes Seidkona, eram sacerdotisas de Freya. Eram consultadas sobre todos os tipos de problemas.
As mulheres não eram as únicas praticantes do seidr de Freya. Existem vestígios em poemas e em prosa de que seidr fosse também praticado por homens vestidos com roupas de mulher. Odin, por exemplo, é a única deidade masculina listada nos mitos a ter praticado este tipo de magia; ele foi iniciado pela própria Freya. No entanto, esta não era uma atividade masculina popular e aqueles que a praticavam eram ridicularizados ou até mesmo assassinados. Vestir-se com as roupas do sexo oposto é uma tradição realmente antiga que tem suas raízes na crença de que um homem deve espiritualmente transformar-se em uma mulher para servir à Deusa. Isso não poderia ser bem recebido numa sociedade patriarcal.
As Volvas moviam-se livremente de um clã para outro; suas habilidades eram constantemente exigidas. Elas não costumavam se casar, apesar de possuírem amantes. Essas mulheres portavam cajados com uma ponteira de bronze e usavam capas, capuzes e luvas de pele de animais. Na Saga de Eiriks podemos encontrar um relato muito detalhado da pratica de seidr por uma volva. Há uma outra historia em Landnamabok, na qual uma volva traz ativamente prosperidade à atividade pesqueira do povoado através de seidr.
O xamanismo requer compreensão dos Quatro Elementos que influenciam todos os aspectos da vida e requer saber como utiliza-los. A historia de como Freya obteve seu famoso colar Brisingamen de quatro gnomos é na verdade uma lição de aprendizado de como utilizar os Quatro Elementos.

 Certa vez, quando Freya passeava, ela se deparou com quatro gnomos que fabricavam o mais belo colar. Esses artesãos, conhecidos como Brisings, chamavam-se Alfrigg, Dvalin, Berling e Grerr. Freya decidiu que o colar deveria ser seu, mas os gnomos não o venderiam. No entanto, eles a presenteariam com o colar se ela passasse uma noite com cada um deles. Sem hesitar, Freya concordou e tornou-se a proprietária de Brisingamen, um poderoso equilíbrio da Serpente Midgard e um símbolo de fertilidade. Tais atributos correspondem à Lua Cheia.

Uma vez que os monges cristãos julgaram esta uma historia de pouca moral, é de se admirar que tenha sobrevivido nos mitos nórdicos. Não é uma historia sobre sexo, mas sim sobre obter conhecimento (algo considerado tão maligno quanto sexo pelos monges). Os quatro gnomos representam os Quatro Elementos. Brisingamen simboliza a beleza, o poder e a riqueza que advêm do saber como utilizar e equilibrar esses tijolos de matéria.
A inveja e a cobiça de Odin por tal jóia e pelo meio através do qual Freya a obteve o levou a ordenar a Loki que roubasse o colar. Para recupera-lo, Freya deveria concordar com uma obscura ordem de Odin: deveria incitar a guerra entre reis e grandes exércitos para depois reencarnar os guerreiros mortos para que lutassem novamente. Este aspecto da deusa, também conhecida como líder das Valquírias, a conecta à Lua Nova.

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