segunda-feira, 3 de julho de 2017

ANAM CARA

Na tradição céltica, há uma lindíssima compreensão do amor e da amizade. Nela, uma das ideias fascinantes é a ideia do amor da alma; a antiga expressão em gaélico para isso é 'anam cara'.

'Anam' é a palavra gaélica para 'alma' e 'Cara' é a palavra para 'amigo'. Portanto, 'anam cara', no mundo céltico, era o 'amigo da alma'.

Na igreja céltica primitiva, quem desempenhasse o papel de professor, companheiro ou guia espiritual era chamado de 'anam cara'.

Originalmente referia-se a alguém a quem nos confessássemos, revelando as secretas intimidades da nossa vida. Com o 'anam cara' podíamos partilhar o nosso ser mais interior, a nossa mente e o nosso coração.

Esta amizade é um ato de reconhecimento e pertença. Quando tínhamos um 'anam cara', a nossa amizade perpassava por toda a convenção, moralidade e categoria. Entrávamos numa via antiga e eterna com o 'amigo da alma'.

A compreensão céltica não impunha à alma limitações de espaço nem tempo. Não há uma gaiola para a alma. A alma é uma luz divina que flui até nós e até ao nosso Outro. Esta arte de pertença despertava e nutria profundo e especial companheirismo.»

John O'Donohue
in "Anam Cara: A Book of Celtic Wisdom"

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